quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Não sei, não sei.

quando eu era criança
recém aprendido a ler,
tive meu primeiro
surto.
parada em meio a rua treze de maio
todos aqueles letreiros entrando
pelos olhos.
isso não vai parar?
eu não quero que essas
coisas signifiquem.
como voltar?
mas não,
prisão de conhecimento.
as coisas que eu não queria saber
e a incapacidade de
apagar-lhes o
sentido.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Das Imundícies;

canseira do mundo,
vontade de fim.
um prazer supremo,
dormir sem escovar os dentes,
pra ter todos os dias
a dimensão do gosto
desse ser humano
que sou,
apodrecendo.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ele;

um gosto de dia
no céu da boca.
palavras de sol.
sua língua em
m
i
m
andorinha do meu
verão.

Noturna;

pessoas gritam à janela
na madrugada.
possuem meu silêncio
mais que eu mesma.
o mastigam e cospem,
deixando em meu quarto
o cheiro de suas
salivas.

§

um gato ronrona no meio da noite,
tão leve,
quanto meu sono.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Passe o Sal?

este desconhecido.
eu queria comê-lo,
acariciar com a língua
cada fibra de sua carne.
amá-lo como quando amamos
uma boa refeição.
e voltar a digeri-lo,
sempre que a fome exigir.