terça-feira, 15 de março de 2016

Das modernidades

eu tenho medo do bem. tenho medo da faca da convicção. vejo-a retalhar ideias no ninho. aspirações em formação. ideais que não se transmitem na linguagem formatada, na formalidade das falas bonitas, mas mortas. cemitério de altíssimas verdades. um corte profundo, assertivo, treinado na mediocridade do reproduzir. eu tenho medo do bem cristalizado. da negação do mal estar que a análise atenta, constante e forçada provoca. eu tenho medo da transubstanciação do bem em verdade e, da verdade em deus. da fé, que faz enxergar ao outro como inimigo. sacrificamos nossos inimigos a deus. é assim faz tempo. mesmo sem saber ao certo o que é o bem, ou, o que é deus. estranho olhar o outro sem se ver. o outro é carapaça. sujeito a humilhação e chutes na costela. ele não é o bem. ele não se justifica. e a verdade-fé se justapõe em um único tiro. eu tenho medo do bem. eu tenho medo do bem. eu tenho medo do bem. 

Um comentário:

  1. Eu canto contigo: eu tenho medo do bem.eu tenho medo do bem. eu tenho medo do bem.

    Um beijo.

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