sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Daquilo que já não é, mas ainda é

veja. penso na utilidade da palavra ausência. sua definição ou não. a ausência transborda. ela não é o vazio. é um conjunto de vazios interseccionados no qual cada borda, fronteira, conta a história do que um dia foi. esteve. não está mais e, afinou-se nessas linhas limites. a ausência é repleta, mas suprimida. é qual uma uma lâmina na potência de seu fio afiado. a ausência é um devir e um passado indissociados. uma eterna espera de um ponteiro já realizado. uma ânsia de uma batida na porta, para depois ser mais ausência, maiormente repleta. a ausência é um desses deuses desvirtuados que vive por seu próprio fundamento. todos contam e cantam a sua estória, comovem-se ao seu invocar e, submergem em sua atmosfera sem conseguir, jamais, torná-la uma desconhecida.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Das companhias

.'só' é uma palavra tão curta, mas tem a companhia ao menos do acento. 'sozinho' já é uma palavra grande, longa de se percorrer, e nem esse consolo tem.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Das superficialidades

.lugares são como qualidade de pessoas. já estive em vários, mas não conheci realmente quase nenhum.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Redes e Fluxos

.carros apontam distantes na avenida. parecem diamantes incandescentes rolando no leito do asfalto. a cidades e as gentes são as margens desse rio. entulhadas e desvalorizadas em prol da velocidade. a monotonia me balança. o ruído que emitem ao cruzar por mim, trepidam-me internamente. algo reverbera. mergulho na calha desse rio. e sou atropelada na minha insignificância cidadã.